Reflexões sobre a produção do site de autoaprendizagem

A curso de especialização em Arte Educação Intermidiática na Universidade Federal de Goiás trouxe vários novos olhares, propostas, possibilidades e, principalmente, novos desafios. Graduada em Arte em 1994 me mantive em formação desde então, buscando conteúdos, ferramentas e crescimento pessoal que pudessem agregar à minha ação como educadora estando em constante movimentação em prol de acompanhar meus estudantes, suas vivências e, realmente, agregar em suas vidas através da arte. Afinal, como afirmou Freire (2000), é preciso que os processos educacionais sejam baseados em uma visão de ensino e pesquisa como produção do conhecimento. Mais que conceitos, teorias e história, meu maior desejo sempre foi encantar os estudantes para uma compreensão e expressão artística que lhes trouxesse caminhos, escolhas e, fundamentalmente, protagonismo.

A construção do Site Pedagógico de Autoaprendizagem como o Trabalho de Conclusão de Curso da especialização veio ao encontro do meu desejo de dizer ao mundo qual a minha bandeira e a possibilidade de leva-la aos quatro cantos da Terra: https://redescobertasereencontros.webnode.com/, a importância do redescobrir-se, reencontrar-se, reconhecer-se.

Há mais de vinte e cinco anos trabalhando com crianças e adolescentes é frustrante ver como eles sofrem ao rejeitarem a si próprios, às suas identidades e valores a favor de uma aceitação ilusória por um grupo, pela sociedade. São vinte e cinco anos de gerações diferentes que na última década ainda são mais influenciados pela rapidez das informações que não possibilita reflexões, repensares, e traz a grande dificuldade: ninguém mais sabe quem é.

Ao logo desses anos tenho desenvolvido projetos nas escolas com o propósito de desmistificar junto aos estudantes os padrões de beleza, de refletir com eles a necessidade de mudança de padrões ao longo da história, seus motivos, reflexos na arte, a sociedade de consumo. Projetos que também apostam nos padrões éticos e não moralmente preconceituosos valorizando a diversidade do grupo e a necessidade da identidade como formação, expressão, "ser". Quase três décadas pautadas em desenvolvimento de empatia e nutrição de afetos pelo outro e por si próprio através da arte. "E essas condições implicam ou exigem a presença de educadores e de educandos criadores, instigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, humildes, persistentes". (Freire, 1996, p. 29). Só assim a aprendizagem é efetiva e transformadora.

Com a idealização, sistematização e criação do site, através de autores e teorias que não conhecia ou precisava revisitar, senti uma proximidade maior com meus estudantes e, principalmente, um maior desejo em refletir, discutir, repensar as informações e padrões impostos em busca de um maior autoconhecimento e a materialização dessas redescobertas e reencontros em produções artísticas das mais diversas. Como afirma Giroux (1997, p. 161) "uma forma de repensar e reestruturar a natureza da atividade docente é encarar os professores como intelectuais transformadores", e completa "professores deem assumir responsabilidade ativa pelo levantamento de questões sérias acerca do que ensinam, como devem ensinar, e quais são as metas mais amplas pelas quais estão lutando". E essa especialização nos fez rever nossa bandeira, nossa trajetória através de nossa autocartografia e repensar nossos ideais. Para que isso aconteça, como docentes, é preciso estar em constante formação, reflexão.

O meu projeto de intervenção/site pedagógico me trouxe a reflexão de contribuições sociais e educacionais as quais sempre me seguem, mas, agora, nutrida intelectual e teoricamente por pensadores estudados que me trouxeram um olhar mais amplo e profundo, muitas vezes com percepções diferenciadas do que eu pensava ou realizava.

Comecei este curso de uma maneira, e finalizo de outra forma. Não pensando diferente, mas pensando com mais maturidade, mais profundidade, mantendo minhas crenças, meus ideais enxergando por outro olhar, mais objetivo e amplo, através de teorias estudadas que por vezes me validam e por outras me questionam.

A maior certeza continua: meu desejo em estar na docência e realizar tudo o que for possível na formação e transformação de pessoas capazes de se autogovernar e protagonizar suas próprias histórias.