Proposta Site Pedagógico
Autoaprendizagem
Introdução
A sociedade atual - seguindo o exemplo de quase todas as outras já passadas onde as convenções físicas e de comportamento existem e persistem - traz uma exigência grande de aparências físicas padronizadas que interferem na autoestima e identidade das pessoas. Pessoas de todas as idades têm se distanciado e mesmo perdido sua identidade por influência desses padrões e muitos problemas sociais e de saúde enfrentados hoje (suicídio, depressão, mutilações) decorrem desta falta de autorreconhecimento. Estes problemas, muitas vezes graves, acometem principalmente crianças e adolescentes. Estes grupos, em sua ingenuidade vulnerável, nem sempre têm condições de perceber os perigos desses padrões e são levados pela mídia, imposições sociais e grupos de convivência.
O site de autoaprendizagem (Re)descobertas e (Re)encontros propõe um novo olhar para si mesmo, um olhar empático de autoconhecimento, autorreconhecimento e auto expressão plástica. Um olhar que resgata o encontro consigo mesmo, e estimula a expressão de seu eu ressaltando suas melhores identificações, construindo subliminarmente sua identidade e afirmando sua personalidade com respeito e valorização.
Por meio de textos,
experiências e propostas simples o internauta é convidado a pensar e repensar
sua história e reconhecer-se. Este autorreconhecimento será coroado com a
vivência e expressão plástica de sua identidade física, forças de caráter e
pensamentos/ideais. Facilitando a
aceitação do novo esquema corporal e das novas formas de pensamento.
Tema Problema
Como a CiberArte pode desconstruir os padrões de beleza estabelecidos socialmente ao público juvenil?
Objetivo Geral
- Promover, por meio da CiberArte, a desconstrução de padrões de beleza impostos
socialmente e a valorização da diversidade.
Objetivos Específicos
- Apresentar ferramentas diversas de
autorreconhecimento e autorretrato poético (plástico ou literário)
possibilitando a autoexpressão do internauta com ferramentas que mais se
identifiquem com ele.
- Motivar o internauta a se posicionar enquanto sujeito independentemente dos padrões de beleza impostos socialmente.
- Promover a reflexão sobre padrões de beleza, identidade e diversidade, em sociedades e períodos diferentes.
Justificativa
Como autora literária, professora de arte e dança e dançaterapeuta tenho encontrado pessoas de idade, sexo, classe sociais diversas que têm suas identidades ressignificadas em função dos padrões estabelecidos socialmente. Suas preferências, seus ideais são esquecidos por motivos distintos gerados por uma necessidade subliminar de serem aceitos, fazerem parte de um grupo. E os jovens são um dos grupos que mais sofrem e desconectam consigo mesmos por conta desta necessidade que vem abarrotada de padrões e normas.
Propondo reduzir a vulnerabilidade à mass media tão fortemente imposta aos jovens, a proposta é despertar o público juvenil a olhar criticamente aos conteúdos imagéticos disponibilizados na e pela rede. E ao apreciar criticamente tias conteúdos o jovem poderá indagar, questionar aquilo que aprecia. Como por exemplo o corpo magro que é enaltecido e induz muitas jovens a busca-lo de forma desmedida comprometendo, muitas vezes, a integridade de sua saúde física e psicológica. Quando o ser humano não se reconhece e permite - conscientemente ou inconscientemente - sua desconstrução identitária em detrimento da aceitação e massificação de si próprio, sua invisibilidade social enquanto indivíduo, ele perde sua poética, seus ideais, suas ideias, seus sonhos e desejos. E esta falta de reconhecimento próprio traz consigo consequências catastróficas para um indivíduo em formação como baixa autoestima, dificuldade de socialização, passividade frente a decisões, medo e, até mesmo, depressão. Uma sociedade sem indivíduos com coragem e autorreconhecimento não se sustenta, não evolui.
A proposta deste site é promover ações arte/educativas que instiguem os jovens à valorização de seus gostos e não se deixarem influenciar pelas mídias, a se posicionarem enquanto cidadãos, enfim, contribuir na escolha de suas rotas digitais e, consequentemente, nas decisões pessoais e profissionais que enfrentarão ao longo de suas vidas.
Dessa forma este site é importante porque traz uma discussão atual e significativo porque instigará outros estudiosos a pensarem sobre o tema.
Fundamentação Teórica
Facilitar a aceitação do novo esquema corporal e das novas formas de pensamento para os adolescentes (Moujan, 1986) valida a ideia de Ciampa (1987) que traz a identidade como metamorfose, valorizando sua constante transformação como um resultado em movimento da simbiose entre história pessoal, contextos sociais e projetos de vida. A vivência pessoal é fundamental na construção identitária que, após experiências e reflexões torna-se independente em seu reconhecimento. Então percebe-se a identidade como o resultado entre a igualdade e a diferença. E essa individualidade confirma Barbosa (1998) quando afirma que "O conhecimento das artes tem lugar na interseção da experimentação, decodificação e informação" que se expressa na compreensão dos temas, apropriação e expressão, cada um com sua identidade e seu tempo.
Dubar (1997) apresenta a identidade como um processo constante resultante de um caminho de socialização que traz a culminância dos processos relacionais e históricos do sujeito. Ou seja, a identidade de um não se separa da identidade do outro, pelo contrário, se constrói pelo reconhecimento. E Freire (2013) afirma "Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão".
Segundo Erikson (1972) o senso de identidade é um caminhar permanente durante toda a experiência de vida marcada por períodos distintos de desenvolvimento humano resultantes de experiências vividas e influências interpessoais. Para Erikson a principal qualidade do ego a ser desenvolvida entre 13 e 18 anos é a identidade, adaptando o eu às mudanças físicas e psicológicas. Esse processo, segundo o autor, acontece pela reflexão e observação simultâneas com julgamentos à luz de como o eu é percebido pelos outros, comparações, inclusões, exclusões, pertencimento. Portanto uma construção identitária interativa, pessoal e social, em movimento.
E nesta construção identitária a arte digital é uma linguagem apropriada aos jovens atuais, já que posibilida e instiga a interação. Cunha (2008) traz "A arte digital é um potencial em arte - ou melhor, uma arte em potencial - porque só existirá como signo artístico de fato se houver a participação do intérprete", um processo de interação proporcionado neste site que compila o Sistema Triangular Digital, uma abordagem e-arte/educativa fundamentada em "três processos mentais" que se interligam por meio da linguagem digital "para operar a rede cognitiva da aprendizagem", segundo Barbosa (1998).
E trazer essas reflexões da maneira mais real possível para o adolescente: através de seu ambiente de interação mais comum: a internet. Por um lado pensamentos centrados no corpo, produzindo efeitos individuais e específicos. E, por outro lado, temos a tecnologia centrada na vida; uma tecnologia que agrupa os efeitos de massas próprios de uma população. (Foucault, 1999:297). E, quando Martins (1998) trata a arte como "conhecimento expressivo" é possível reafirmar o conhecimento como fundamentação da expressão.
Procedimentos Metodológicos
Os procedimentos a serem aplicados no site serão os mais diversos possíveis já que a proposta é atender a todos os grupos de internautas quanto possíveis, sem exclusão de etnias, sexo, religião, culturas, níveis sociais ou financeiros. Serão usados textos, imagens, vídeos, fóruns, enfim, toda e qualquer informação/ferramenta que possa favorecer a aquisição do conhecimento e reconhecimento e a autoexpressão que traga mais conforto ao internauta. A ideia é transitar por expressões artísticas diversas estimulando vários tipos de identificações e habilidades.
Referências Bibliográficas
BARBOSA. Ana Mae.Tópicos utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1998.
BECKER, Daniel. O que é adolescência? São Paulo: Brasiliense, 1997.
CIAMPA, A. C. A estória de Severino e a história de Severina. São Paulo: Brasiliense, 1987.
CUNHA, Fernanda Pereira da. Cultura digital na e-arte/educação: educação digital crítica. 2008. Tese (Doutorado) apresentada à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo.
DUBAR, C. Para uma teoria sociológica da identidade. Em A socialização. Porto: Porto Editora, 1997.
ERIKSON, E. H. Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.
FREIRE, Paulo. A pedagogia do oprimido. São Paulo, Editora Paz e Terra, 54ª edição . 2013.
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso no College de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MARTINS, M.C. A.; A linguagem da arte. In.: MARTINS, M.C. A.; PICOSQUE, G.; GUERRA, M.T.T.;
Didática do ensino da arte: a língua do mundo - poetizar, fruir e conhecer. São Paulo: FTD, 1998, p.10-
51.
MOUJAN, O. P. Abordaje teorico y clínica del adolescente. Buenos Aires: Nueva Visión, 1986.
SPITZ, Christian. Adolescentes perguntam. Tradução de Sônia Goldfeder. São Paulo: Summus, 1997.
Referências de Sites Educativos
https://www.desenhoonline.com/site/indice/, acesso em 28 de novembro de 2018
https://vivendodeinventar.com, acesso em 28 de novembro de 2018
https://dessiner.wordpress.com/2011/08/12/tutorial-como-desenhar-um-rosto-passo-a-passo/, acesso em 28 de novembro de 2018
https://www.anpap.org.br/anais/2011/pdf/chtca/simone_rocha_de_abreu.pdf, acesso em 28 de novembro de 2018
