Ansiedade pré-criativa

Estou vivenciando meus últimos dias que antecedem a um desejo intensamente esperado. A oportunidade de mostrar meu trabalho em alguns países europeus me é um presente. Feliz? Muito! Ansiosa? Demaaaais.
Penso nessa palavra: AN-SI-E-DA-DE. Uma palavra que traz um prelúdio a acontecimentos felizes, eventos de autoexposição, situações de mudança... Ansiedade que dói, que traz desconfortos, que transforma, que alimenta a rotina e move a vida.
Ansiedade frente a uma tela em branco, frente a um papel cheio de sentimentos e vazio de palavras, frente a um público seleto e crítico. Talvez a ansiedade seja a obra prima pintada nas pinceladas expressionistas da ambiguidade entre conquistas e esperas.
No que a ansiedade me move? No que a ansiedade me paralisa?
Por quê uma folha vazia incomoda tanto o escritor, se ele é ávido por novas personagens, novas histórias? Por que a ansiedade pelo fato de não viver uma inspiração presente em 24 horas diárias? A inspiração é um insite ou uma fruto maduro de uma rotina de dedicação enraizada em pequenos passos diários?
O performer se aflige mais frente a uma plateia seleta ou frente a cadeiras vazias?
Por que uma tela em branco é um fator que aflige a mente coloridamente cheia de formas imaginariamente harmoniosas? A estética se inicia nas possibilidades infinitas da tela vazia.
Ansiedade. Precisamos pensar e repensar essa palavra, observar e enfrentar esse desafio. Quando se conhece, se percebe as relações internas dessa palavra com o "eu", é possível canalizar organizadamente esse sentimento em prol da produção artística.